segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

'Adeus, ano velho!'

"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano
se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa
outra vez
com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui para adiante vai ser diferente... (...)"


Doze meses? Não, eu tenho quase certeza de que 2009 teve mais que isso... uns 30, quem sabe!
Eu sei que, lá por abril, quando todo mundo só estava aquecendo os motores, eu já estava exausta e, a partir daí, fui empurrando o ano va-ga-ro-sa-men-te com a barriga. O que, certamente, não é algo legal de se fazer - especialmente depois que você percebe que podia e devia estar se esforçando e, mais que isso, se importando um pouco mais.

Sabe o tradicional balanço de fim de ano, quando você repensa sua vida e seus objetivos e suas realizações e tudo o mais? Pois bem, eu tive um monte deles ao longo de 2009. E, ainda assim, sempre tinha muuuito 2009 pela frente.
Eu me perguntei sempre quando é que um ano deixa de ser ano novo e passa a ser ano velho. Ainda não descobri, exatamente. Mas sei que 2009 envelheceu muito cedo.

Mas, depois de muitas expectativas e medos e superações e frustrações, eis que finalmente eu posso me sentar folgadamente e assistir à chegada de 2010, que já está logo aí.


Em geral, eu não gosto muito desses clichês de fim de ano, não - com algumas exceções, como os jingles da Globo (que eles estragaram este ano) e da Varig (que não passa mais D=). Mas é que 2009, como disse a Bê, já deu! Por sorte, eu tive bons amigos que me ajudaram a tornar mais fácil e alegre este ano tão longo e difícil!

"You make it easier when life gets hard"
(Lucky - Jason Mraz)

"Day after day I must face a world of strangers where I don't belong
I'm not that strong
It's nice to know that there's someone I can turn to who'll always care
You're always there

So many times when the city seems to be without a friendly face
A lonely place
It's nice to know that you'll be there if I need you and you'll always smile
It's all worthwhile"
(I won't last a day without you - The Carpenters)


Então, que venha 2010, com os doze meses habituais, por favor ;)
E que traga bons amigos, boa saúde, bom humor e boa sorte a todos! ^^


"(...)
Para você,
Desejo o sonho realizado
O amor esperado.
A esperança renovada.

Para você,
Desejo todas as cores desta vida.
Todas as alegrias que puder sorrir.
Todas as músicas que puder emocionar.

Para você neste novo ano,
Desejo que os amigos sejam mais cúmplices,
Que sua família esteja mais unida,
Que sua vida seja mais bem vivida.

Gostaria de lhe desejar tantas coisas.
Mas nada seria suficiente...
Então, desejo apenas que você tenha muitos
desejos.
Desejos grandes e que eles possam te mover a
cada minuto, ao rumo da sua felicidade!"


(Carlos Drummond de Andrade)

sábado, 14 de novembro de 2009

Sobre os retalhos

Postagem nº 50! Em quase 4 anos de blog (é isso?!), dá cerca de um post por mês... É, eu gostaria de ter mais tempo pra escrever.

Em comemoração (?!), este post gigante com alguns recortes desta vida doida... Que, aliás, não têm que fazer sentido. Eu não faço, afinal.

"Que fique muito mal explicado
Não faço força pra ser entendido
Quem faz sentido é soldado!"
(Carlos Moreira)

E sigo Liviajando... ;)

***

"Tudo o que cala
Fala mais alto ao coração
Silenciosamente
Eu te falo com paixão
Eu te amo calado

Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz
Nós somos medo e desejo
Somos feitos de silêncio e sons
Tem certas coisas que eu não sei dizer"
(Certas coisas - Lulu Santos/ Nelson Motta)


Às vezes fico revivendo tudo o que a gente passou, todos aqueles momentozinhos mais banais que a sua memória possivelmente já descartou, e que a minha ainda acalenta. E me lembro das vezes em que nos abraçávamos de leve, ou nem isso - só ficávamos muito perto um do outro, com os rostos muito próximos - e permanecíamos quietos, de olhos fechados, sentindo a respiração profunda um do outro. Muitas vezes nós fomos só uma confusão de mãos e bocas, e talvez por isso mesmo é que esses silêncios sejam incrivelmente marcantes. Mas desconfio que não seja só por isso. Porque, afinal, há tantas outras marcas...

"Não quero seu suor
Quero seus poros na minha pele
Explodindo de calor"
(Sentidos - Zélia Duncan/ Christian Oyens)


Gosto de encontrar seu cheiro na multidão sem rosto, e lembrar de nós dois imersos num mar de gente tensa e desconhecida. As mãos dadas, os corpos muito próximos - porque o lugar era apertado e cheio de gente, mas não só por isso - e a impressão de que minha força e minha leveza só estavam ali porque você também estava.
Gosto de sentir o seu cheiro nas minhas roupas, na minha pele, como se fosse você quem estivesse saindo pelos meus poros. Me faz sentir mais sua, mesmo que eu não o seja de verdade. E eu fico sentindo-o em inspirações curtas, na tentativa patética de gozá-lo ao máximo, mas poupá-lo pra que ele não desapareça de mim e você permaneça na minha pele por mais tempo.

"Quanta saudade brilha em mim
Se cada sonho é seu
Virou história em sua vida
Mas prá mim não morreu
Lembra, lembra, lembra, cada instante que passou"
(Tristesse - Milton Nascimento)


***

"Estou aqui
Mas esqueci
A minha alma num hotel
Meu coração na caneta
Meus desejos no papel
Eu vinha sem retrovisor
Um rosto estranho me chamou
E a minha pele não me coube mais
A sorte veio e me encontrou
Na corda bamba do amor
Meus dias nunca mais serão iguais

Estava ali
E confundi
Pensei que fosse o céu
O azul do mar me chamou
E eu pulei, de roupa e de chapéu
A onda veio e me levou
Desse lugar e agora eu sou
Uma ilusão, a solidão é meu troféu
Aquela foto amarelou
O riso no meu camarim
Felicidade bate à porta e ainda ri de mim"
(Pensei que fosse o céu - Vander Lee)


***

Dia desses me peguei com muita, muita saudade do Júlio, professor de Literatura. E saudade doída, dessas que a gente sente quando alguém muito próximo se vai - e essa proximidade nunca existiu de fato, o que faz a saudade não ter muita razão de ser, mas isso realmente não importava.
Lembrei de ter comentado com minha mãe, dias antes dele morrer repetinamente, do quanto eu queria assistir sua palestra d'O Cortiço este ano, porque o Júlio era o melhor contador de histórias que eu já conheci e O Cortiço era uma das suas melhores aulas. E aí doeu, porque eu queria muito vê-lo de novo, nos corredores e no tablado, mesmo que ele nem soubesse quem eu era.
Então lembrei da expressão tranquila enquanto me perguntava "Tá feliz?", e me peguei rindo sozinha de suas frases, sua interpretação, seu jeito de falar... E me lembrei do sonho que tive, alguns dias depois de sua morte (quando eu ainda estava entre incrédula e inconformada), em que ele aparecia e, com seu ar sereno, dizia que estava de passagem e precisava ir, mas que eu não me preocupasse porque ele estava bem.

Julião no Céu - Plajuliesco de Manuel Bandeira
(por Fabio Liberal)

Julião gordo
Julião doce
Julião sempre de bom humor

Imagino Julião entrando no céu:
- Tá feliz, São Pedro?
E São Pedro, contentão:
- Ai, carai, agora é que vai ficar bão!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Sobre o medo (por Cecilia)

"Medo de fechar a cara
Medo de encarar
Medo de calar a boca
Medo de escutar
Medo de passar a perna
Medo de cair
Medo de fazer de conta
Medo de dormir
Medo de se arrepender
Medo de deixar por fazer
Medo de se amargurar pelo que não se fez
Medo de perder a vez

Medo de fugir da raia na hora H
Medo de morrer na praia depois de beber o mar

Medo... que dá medo do medo que dá
Medo... que dá medo do medo que dá"

(Miedo - Lenine / Pedro Guerra / Robney Assis)


Cagona

(por Cecilia Odainai)

Uma das qualidades que mais odeio em mim é o medo. É foda até de assumir. Mas sou medrosa, cagona, e isso tudo influencia nas minhas indecisões, que não só são muitas como são todas!

Esse medo de errar, de parecer imperfeita me atam. Esse medo de me exibir, de escrever num blog pra ser julgada por um e outro. Esse medo de arriscar uma nova carreira porque pode dar errado. Esse medo de ir atrás da felicidade, mesmo que ela não seja uma finalidade, mas sim uma busca eterna.

Medo de não ser marcante, medo de marcar demais.

Conheci o termo “bad trip” quando me entorpeci. Eu sinto que a bad é constante, mesmo nos momentos caretas. Mas por sorte, ignorada na maioria das vezes.

Por que me esconder num personagem engraçado, bobagento, com aquelas sacadinhas que todos gostam de ler? Porque não dá pra ser triste. Ninguém aguenta as tristezas de ninguém. Tristeza só da IBOPE na TV.

Assumir as fraquezas, as falhas de personalidade é arriscado. Porque elas para os olhos dos seus espectadores têm que ser invisíveis. E então fazemos questão de abafá-las.

Um dia, disse para um chefe: não vou sozinha visitar o cliente, sou insegura. Você tem que ir comigo até eu me acostumar. Depois disso uma colega fazia questão de repetir essa minha confissão: “você é insegura. E eu não!”.

Sei lá se é essa sociedade competitiva que nos fez ficar assim ou se sempre fomos assim. Nesse caso da minha ex-colega, o excesso de confiança dela se converteu a uma fraqueza também. De cagadas homéricas nunca assumidas a mentiras ditas dela para ela mesma.

E o que fazer com meu medo? Ainda não sei. Mas pensei em escrever pra vocês.

Agora estou nua, mostrando minhas vergonhas. Pode apontar e rir


[p.s.: Eu até tinha pensado em comentar algo a respeito do texto - porque ele é tão eu, que eu não achei que poderia simplesmente não dizer nada. Mas, dizer o quê? Cecilia disse tu-do!]

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Sobre o(s jogos) que eu não sei

Eu não sei jogar gamão. Não é só não saber jogar. É não fazer ideia de nada, dos objetivos, dos movimentos. Nada. Um completo mistério na minha vida, o gamão. Mas sempre achei que tudo bem, porque ninguém joga gamão mesmo, a não ser pessoas com vocação pra mordomo, então não deve ser interessante.
Eu também não sei jogar buraco, ou mesmo a maior parte dos jogos que utilizam baralho francês (que eu achei que era americano, mas descobri que é francês. De qualquer modo, estou mais habituada com o baralho espanhol). Mas buraco é pior não saber, porque todo mundo sabe. Nada pra fazer? Junta a família e os amigos pra jogar buraco. Não a minha: a minha joga escopa e belisca (que a internet chama de bisca, e é capaz q esteja certa, porque na Galicia se fala tudo errado).
Truco. Todo mundo joga truco. Todo mundo já passou por inúmeras mesas com um grupinho sentado, batendo na mesa e gritando "seeeeis!". Na minha escola teve até mesa(s) quebrada(s) certa(s) vez(es). E, desde o segundo colegial, várias pessoas tentaram me ensinar a jogar - mas acho que tenho algum parafuso a menos e não consigo apreender as regras, os valores, os objetivos do jogo.
Pôquer. Ahh, de pôquer eu já tive alguma leeeeeve noção, quando tinha uns doze anos de idade. Mas até a leve noção se foi. Droga. A Tapioca conta que o pai dela joga pôquer com os amigos semanalmente, e que sabe jogar desde pequena por conviver nesse ambiente (e aí eu imagino uma sala enevoada pela fumaça de cigarros, com uma mesa no centro e quatro homens com ternos risca-de-giz e chapéus de gângster jogando cartas com ar misterioso, iluminados por uma lâmpada baixa como aquelas de mesas de jogo. E uma japonesinha, de óculos e vestido rosa de babados, interessada no andamento do jogo). Enfim, não sei jogar pôquer também.
Sinuca também é algo além da minha capacidade, tenho certeza. Sou um verdadeiro desastre e, depois da última performance vergonhosa há mais de um ano, eu desisti até de tentar. Mas esse, pelo menos, eu consigo entender a ponto de poder torcer. =)
E não sei jogar um monte de outras coisas, claro. Mas o que mais me incomoda, sempre, são os jogos de baralho que todo mundo sabe menos eu. E o gamão, que tem cara de ser muito sério e misterioso, quase tão lord quanto críquete - que é outra coisa que não sei jogar (assim como golfe, tênis, pólo, vôlei e um milhão de outras coisas), mas que não me importa em absoluto.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Sobre pequenas grandes lições

"Alguns não conseguem afrouxar suas próprias cadeias e, não obstante, conseguem libertar seus amigos. Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro se tornar cinzas?"
(Assim falou Zaratustra - Friedrich Nietzsche)


sábado, 26 de setembro de 2009

Sobre os olhos

"Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus resolvem se encontrar
Ah, que bom que isso é, meu Deus
Que frio que me dá
O encontro desse olhar"
(Pela luz dos olhos teus - Tom Jobim/Vinícius de Moraes)


"Foi assim como ver o mar
A primeira vez que meus olhos
Se viram no seu olhar"
(Todo azul do mar - Flávio Venturini)


Eu queria escrever sobre seus olhos. E sobre quando eles me sorriem. E, pensando bem, eu queria poder (saber) escrever sobre tudo o mais: sobre os cabelos, os dentes, os braços, as costas, os pés... E as ideias, as atitudes, as palavras... E sobre este estado quase ridículo de admiração que tudo isso, e mais tantas outras coisas, me causam.
Mas ainda estou, não sei, entorpecida...
Como ao ver o mar Egeu em Mykonos, com inúmeros tons de azul e verde e densamente azul-marinho no fundo (foi lá, aliás, que eu soube exatamente o que era azul-marinho, marinho mesmo). Eu poderia ficar ali olhando, admirada, por dias inteiros.

Queria escrever sobre seus olhos. Mas antes preciso (quero) mergulhar neles mais uma vez. Mais uma vez...

domingo, 13 de setembro de 2009

Sobre os ETs e os montes

.: Meg/Bombs :. diz:
pronto, escrevi do disco voador [que vimos nesta tarde. Inegavelmente um disco voador. Dois, na verdade. Mas o segundo talvez fosse só um avião mesmo]
cuidado essa noite, nós somos testemunhas oculares
~Lívia~ diz:
verdade
acho que vou colocar no twitter: se eu estiver estranha amanhã, foram os ETs. fujam para as montanhas!
.: Meg/Bombs :. diz:
hahahaha não é pros lagos?
~Lívia~ diz:
não
"Run to the hills
Run for your lives"
.: Meg/Bombs :. diz:
hahahaah não conheço
mas acredito
aaah a gente já mora no monte alegre
é um monte
e é alegre
sobreviveremos

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Sobre super-poderes (?)

Primeiramente, claro, eu queria poder me teletransportar. Pra poder jantar em casa na sexta (ou em qualquer outro dia), passear em São Paulo sem ter que encarar o trânsito caótico, visitar os amigos sempre, enfim: me locomover à vontade sem ficar à mercê das condições de tráfego, da distância, do clima, da carona, do transporte público, da boa-vontade (alheia e própria), etcétera, etcétera.
E queria que, de algum jeito, eu pudesse conjurar uma imagem do que estou pensando sempre que me desse vontade. Igual aquelas 'lousas virtuais' de que se fala na tevê, interativa e tudo mais. Pra quando eu quiser falar naquele ator que não sei o nome e que só fez uma ponta em uma novela antiga, eu projetar a imagem dele no ar e as pessoas (geralmente minha mãe) dizerem: "Aaaaah, sei". Ou pra quando eu quiser reproduzir um sonho que tive, ou uma situação pela qual passei, ou outras tantas situações que eu imagino.
Como complemento a essa função, eu queria também que meus olhos pudessem tirar fotos e gravar vídeos - porque não é sempre que dá pra sacar o celular, e mesmo quando dá, nem sempre fica do jeito que eu queria que ficasse (que é o jeito como eu vejo).
Eu queria uma espécie de Ctrl+F nos livros, porque toda vez que eu procuro determinada passagem importante, ela some das minhas vistas.
Eu queria ler pensamentos. Na verdade não sei se queria, tenho medo do que alguns deles poderiam revelar. Mas o House disse que "É melhor saber do que não saber", e provavelmente ele tem razão. Ou talvez eu queira mesmo é ser telepata - ainda não sei se é exatamente a mesma coisa.
Eu queria poder ficar invisível e etérea, pra poder observar as pessoas sem que elas soubessem disso. E, talvez, eu não esteja tããão longe disso. Em certos momentos, eu tenho certeza de que ninguém me vê, e fico assistindo as agitações humanas como um alienígena que chegou ontem e está tentando entender algo daquilo tudo que lhe parece tão estranho.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Sobre impulsos

"Onde queres o ato, eu sou o espírito
E onde queres ternura, eu sou tesão
Onde queres o livre, decassílabo
E onde buscas o anjo, sou mulher
Onde queres prazer, sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido, sou herói

Ah, bruta flor do querer!
Ah, bruta flor, bruta flor..."
(O quereres -
Caetano Veloso)

[Le coup au cœur - René Magritte]


"Bem ou mal
Tudo se mistura
Tudo é natural
Prazer e tortura juntos"

(Bem ou mal -
Vânia Abreu)

De repente, você repara que está fazendo tudo exatamente do jeito errado. E não porque seja inocente ou incauta: pensou milhões de vezes sobre o que fazer, e não encontrou muitas respostas, mas acabou sabendo perfeitamente o que não devia ser feito.
E aí está você, ainda presa nessa velha história mal-resolvida, e cada dia mais fundo. Procurando corda pra se enforcar. Provocando situações e reações que, racionalmente, sabe que devem ser inibidas; minando relações que quer, a todo custo, preservar. E isso tudo pelo simples motivo de deixar acontecer, de ver até onde essa história chega - esperando ansiosa e inconsequentemente pelo clímax, mesmo sabendo que ele pode ser o final. Tudo por puro... instinto.

Pergunto-me até quando isso vai durar e onde é que vai parar, quando a resposta é uma só e aparentemente muito simples: quando eu quiser.

Como se fosse fácil assim.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Sobre o cansaço, e mais

Às vezes dá vontade de simplesmente ficar na minha - nada mais de ficar ligando pra cá e pra lá e ajeitando horários e pensando em programas pra encontrar os amigos. Não porque eles tenham me chateado, irritado, enjoado... Tampouco porque tenha que usar meu tempo e criatividade pra pensar em propostas e convites e ficar enviando e-mails e mensagens - isso eu faço com o maior prazer. Mas porque depois de tantos furos, tantos migués, tantos encontros que não deram certo, tem hora que eu também canso.
Mas passa.

***

Eu tinha pensado em mais umas oito músicas pra colocar aqui, que eu tinha esquecido por pura pressa. Mas agora elas já não parecem tão importantes, com exceção de uma:

"E eu me sinto uma imbecil
Repetindo, repetindo, repetindo
Como num disco riscado
O velho texto batido
Dos amantes mal-amados
Dos amores mal-vividos
E o terror de ser deixada
Cutucando, relembrando, reabrindo
A mesma velha ferida
E é pra não ter recaída
Que não me deixo esquecer
Que é uma pena
Mas você não vale a pena"
(Não vale a pena - J. e P. Garfunkel)

É bem provável que, futuramente, eu volte e coloque as outras sete e mais algumas até. Mas, por enquanto, a Maria Rita me basta.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Sobre o Repeat Mode

Às vezes eu acho que minha vida está em Repeat Mode: ON.
E, nessa situação, rondam minha cabeça muitas, muitas músicas. Algumas que também estão no repeat há muito tempo, aparecendo de novo e de novo com muitos sentimentos. E outras que, ouvidas novamente, ganharam um sentido novo que se aplica a situações já antigas (e quem sabe persistentes).
Compilo aqui os pedaços mais significativos, no momento, com os links de vídeos pra dar uma dimensão da emoção que as músicas e interpretações transmitem.

"Você me tem fácil demais
E não parece capaz
De cuidar do que possui"
(Nada por mim - Herbert Vianna/Paula Toller)

"Me diz por onde você me prende
Por onde foge
E o que pretende de mim"
(Acontecimentos - Marina Lima/Antonio Cicero)

"Quem sou eu para falar de amor
Se o amor me consumiu até a espinha? (...)
O amor jamais foi meu
O amor me conheceu
Se esfregou na minha vida e me deixou assim"
(Tango de Nanci - Chico Buarque/Edu Lobo)

"Não quero nada
Essa estrada eu já sei aonde vai dar
Vai dar em nada,
Não quero ir, nem voltar"
(Nem bem acordo - Zeca Baleiro)

"Já conheço os passos dessa estrada
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cor
Já conheço as pedras do caminho,
E sei também que ali sozinho,
Eu vou ficar tanto pior
E o que é que eu posso contra o encanto,
Desse amor que eu nego tanto
Evito tanto e que, no entanto,
Volta sempre a enfeitiçar
Com seus mesmos tristes, velhos fatos"
(Retrato em branco-e-preto - Chico Buarque/Tom Jobim)

"It's not fair to deny me
Of the cross I bear that you gave to me
You, you, you oughta know"
(You oughta know - Alanis Morissette/Glen Ballard)

"Enfim, passeia tua boca em mim
Até me calar"
(Melhor lugar - Jorge Vercillo)

"Molha tua boca na minha boca
A tua boca é meu doce, é meu sal
Mas quem sou eu nesta vida tão louca?
Mais um palhaço no teu Carnaval"
(Tema de amor de Gabriela - Tom Jobim)

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Sobre o ciúme

Dorme o céu à flor do Chico, meio-dia
Tudo esbarra embriagado de seu lume
Dorme ponte, Pernambuco, rio, Bahia
Só vigia um ponto negro: meu ciúme

O ciúme lançou sua flecha preta
E se viu ferindo justo na garganta
Quem nem alegre, nem triste, nem poeta
Entre Petrolina e Juazeiro canta

Velho Chico, vens de Minas
De onde o oculto do mistério se escondeu
Sei que o levas todo em ti, não me ensinas
E eu sou só eu, só, eu só, eu

Juazeiro, nem te lembras dessa tarde
Petrolina, nem chegaste a perceber
Mas na voz que canta tudo, ainda arde
Tudo é perda, tudo quer buscar, cadê?

Tanta gente canta, tanta gente cala
Tantas almas estendidas no curtume
Sobre toda estrada, sobre toda sala
Paira, monstruosa, a sombra do ciúme.
(O Ciúme - Caetano Veloso)
***

Pra variar, não soube escrever o que queria, o que pensava. Não sei mais, acho.
Andei remexendo pensamentos e, principalmente, sentimentos antigos (e que, afinal, ainda são bastante atuais), e desta vez não consegui descrevê-los tamanha a falta de sentido deles. Caetano me caiu bem, é claro.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Sobre o não-texto

Hoje queria escrever aqui, e tinha um bocado de ideias pra isso. Mas elas foram todas se esgotando na medida em que o texto travava entre meus dedos, e os olhos reprovavam o texto banal, quadrado e mal-acabado.
Aí lembrei de palavras rabiscadas em uma folha de borda azul, na noite de ontem - palavras que saíram naturalmente, sem pensar, porque tinham que sair, porque eu não parava de pensar nelas e, pensando tanto, meus estudos e meu possível sono ficariam ainda mais prejudicados. Texto natural e sincero, que talvez não seja tecnicamente muito bom, mas é bom porque sou eu em cada sílaba, em cada pausa. Minha caligrafia mal escrita, minhas palavras mal pensadas, meus sentimentos mal resolvidos.
Mas não cabem aqui, ainda não. Já tive coragem, esculpida duramente ao longo do tempo, pra assumi-los e enfrentá-los, mas ainda não o suficiente para expô-los.
Então sobrou só um texto vazio. =/

domingo, 7 de junho de 2009

Sobre romantismo

"Só você sabe à custa de que sacrifícios; no íntimo sou frágil, incerta, descontrolada."
(Clarice Lispector, sobre sua aparência segura, em carta a Fernando Sabino)

Todo mundo sabe que eu não tenho a menor paciência pro nhenhenhém que costuma permear as relações amorosas (ou coisa que o valha). Não mesmo. Daí, quando a Camila me perguntou se eu me achava romântica, eu nem pensei duas vezes: "Não!". Afinal, o clima água-com-açúcar nunca me agradou - a romântica da turma é oficialmente a Cindy, enquanto eu sempre fiz mais o gênero mulher-forte-segura-inteligente-independente-etc-e-tal. Feminista, feministíssima, não dá pra negar.
Mas aí a Giu veio me lembrar das nossas sessões noturnas de terapia online, e das confissões e reflexões sentimentais que sempre fazemos juntas (e que inclusive foram tema de boa parte da nossa conversa naquele dia, as always), das músicas entoadas dramaticamente e das conversas intermináveis para contar e interpretar todas as histórias de relacionamento possíveis, concretas ou não. Tudo isso coroado por um: "Ah, e vem dizer que não é romântica? Claro que é!". E eu simplesmente não tive como discordar.
Até acrescentei, dizendo dos planos de formar uma família, das crenças sobre amor, cumplicidade, lealdade, dos inúmeros medos e incertezas... E descobri que, no fundo, também sou uma mulherzinha (Oh, holy shit!). Com limites, claro (ah, bom!), e muitíssimo bem disfarçada sob a minha (não tão) sólida armadura de valquíria.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Twitter vs. Blog

Bem, acho que vou ter que responder aos comentários do post anterior.
Vamos lá... por quê? Sinceramente ainda não sei. Andei bisbilhotando twitters alheios recentemente, e pensando em fazer um, mas logo mudava de ideia. Até que um dia não mudei, e fiz! Mas não tinha objetivo nenhum em mente quando o fiz. Simplesmente fiz.
Ainda estou me acostumando com ele, e não vou dizer que é algo suuuuper legal (pelo menos até agora). Mas me mantém relativamente informada sobre a cultura inútil que circula por aí, e me permite alguns desabafos sem precisar de inspiração como no blog. Obviamente é mais uma fonte de motivos para não estudar (shame on me!).
Mas, fique claro, não penso em trocar o blog pelo twitter de jeito nenhum! Como já mencionei, o twitter é mais pra trocar cultura inútil e fazer desabafos superficiais. No blogue me permito viajar mais - e agora é que me dei conta: o blog e o fotolog são 'liviagens', enquanto o twitter é simplesmente 'liviaces'. A coincidência não foi pensada, mas é bem pertinente.

domingo, 24 de maio de 2009

Sobre mim

"Eu triste sou calada
Eu brava sou estúpida
Eu lúcida sou chata
Eu gata sou esperta
Eu cega sou vidente
Eu carente sou insana
Eu malandra sou fresca
Eu seca sou vazia
Eu fria sou distante
Eu quente sou oleosa
Eu prosa sou tantas
Eu santa sou gelada
Eu salgada sou crua
Eu pura sou tentada
Eu sentada sou alta
Eu jovem sou donzela
Eu bela sou fútil
Eu útil sou boa
Eu à toa sou tua."
(Martha Medeiros)

***

Rendi-me, afinal, ao Twitter. Mas não pergunte por quê!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Sobre praticidade

A Mari (de Bariri) sempre usava bolsa (dessas de ombro. À tiracolo, chama?) pra ir pro cursinho, e carregava as apostilas na mão. Aí um dia ela ia dormir na casa de alguém, então levou uma mochila com o material e outros pertences pessoais:
-Ué, Mari, veio de mochila hoje?
-É, é que eu vou dormir na casa de Fulana, então ficava mais fácil assim. Mas acho que vou usar mochila todo dia agora!
-Gostou, foi?
-Ah, é tão prático!! É bom carregar tudo e ainda ter as duas mãos livres!

Achei engraçado, na ocasião, ela ter demorado quase 20 anos pra descobrir a praticidade da mochila, da qual eu sou adepta desde sempre. Claro que já tentei a combinação bolsa-fichário (e mesmo nesse caso, minha bolsa era estilo mochilinha), mas assim que comecei a usar transporte coletivo com frequência, constatei que o esforço de equilibrar-se com as mãos ocupadas é totalmente dispensável. Claro que mochila não é um acessório elegante, mas ninguém aqui está dizendo que você tem que ir de mochila a um casamento. Estou falando de praticidade, e eliminar as pequenas complicações ajuda um bocado no cotidiano (de um estudante, pelo menos). Além disso, acho demais os executivos na Paulista vestidos de social e usando mochila. O máximo!

A propósito, quase não vejo mais aquelas latas de 250mL de refrigerante que foram lançadas um tempo atrás pela Coca-Cola. Tão boas! É difícil eu comprar refrigerante em lata, porque sempre acho que 350mL é muita coisa, e fiquei feliz quando lançaram a menorzinha. Mas agora só encontro na padaria aqui perto de casa (que também tem aquelas garrafinhas de vidro de 200mL, melhores ainda!).

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Sobre colo

"I have found my home here in your arms
Nowhere else on earth I'd really rather be
(...)
And when I hold you, babe, babe
Feels like maybe
Things will be alright
"
(Only yesterday - The Carpenters)

Eu quero muito um abraço agora. Não exatamente um abraço, na verdade. Quero me aninhar nos braços de alguém, e me sentir acalentada e protegida. Adormecer gostosamente, sentindo um calorzinho no peito que me dá a certeza de que aqui eu estou bem e as preocupações são vãs. Deixa o mundo girar frenético, na sua insanidade diária! Deixa eles acabarem com as suas vidas desse modo robótico e frio... Aqui, nestes braços, eu sei que tudo vai ficar bem.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Sobre pentelhice e medo

-Oi, mãe!
-Oi!
-Tudo bem?
-Tudo, e você?
-Tudo bem.
-Tá fazendo o quê?
-Tô jantando no Subway com o pessoal.
-Mas você tá viciada, hein?!
-Ah, a Tapioca chamou e eu aceitei. Mas roubaram meu cookie, mãe!
-Mesmo?
-É, ele estava aqui na minha frente, alguém pegou e eu não sei quem foi.
-Ah, foi o Marcelo!

Oo
hahahahahahaha
Nem a minha mãe perdoa!!! Justo ela que sempre diz que eu não devo ficar enchendo (muito) o saco das pessoas!
E eu me lembro de encher (muuuuito) o saco do Rubens - que saudade! - e fico me perguntando como certas pessoas me aguentam. Mas aí vem a resposta do Marcelo: "Não aguento, Alt. Você começa a falar e eu: puf";P
Aí eu lembro que, atrás da minha camiseta de formatura do Ensino Médio, está escrito: "Ô-Lívia Pentelha". Não há de ter sido à toa!

***

Às vezes eu queria ser menos medrosa.
Queria que as coisas na minha vida fossem menos ideia e mais ação. Pensar menos, fazer mais (O que não significa, em absoluto, deixar de pensar). Ser menos pessimista, menos relutante, menos fechada... menos medrosa, não foi o que eu disse?
Mas... sei lá!

"Tienen miedo del amor y no saber amar
Tienen miedo de la sombra y miedo de la luz
Tienen miedo de pedir y miedo de callar
Miedo que da miedo del miedo que da
(...)
Medo de olhar no fundo
Medo de dobrar a esquina
Medo de ficar no escuro
De passar em branco, de cruzar a linha
Medo de se achar sozinho
De perder a rédea, a pose e o prumo
Medo de pedir arrego, medo de vagar sem rumo
(...)
Medo de se arrepender
Medo de deixar por fazer
Medo de se amargurar pelo que não se fez
Medo de perder a vez
(...)
Medo que dá medo do medo que dá"
(Miedo - Lenine)

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Sobre mim mesma

Música, flores (de canudo), amigos, filmes, risadas, abraços... e, pouco a pouco, eu vou encontrando meu lugar nesta cidade quente :)

***

Eu não gosto nada de sentir ciúmes. Às vezes sinto, e fico com raiva porque é sempre por alguma razão besta, por algo sem sentido - alguma das minhocas da minha cabeça fica me dizendo que estão me excluindo, me ignorando, me enganando, e eu sei que não é verdade mas não consigo deixar de me incomodar. Fico sentindo aquilo ir me consumindo por dentro, lenta e cruelmente.
E aí, não sei por quê, começo a enxergar coisas que não existem e que vão alimentando mais ainda o ciúme, e isso vai crescendo e crescendo e crescendo até que eu acabo me sentindo muito, muito mal. E me sinto pior ainda por saber que isso não tem razão concreta nenhuma, e por acreditar que ciúme é um sentimento doentio que só reflete insegurança emocional e complica as relações. Então por que é que eu sinto? Não quero, não quero...

***

No feriado provavelmente teremos 'acampamento': cinco garotas, música, comidinhas e a noite inteira pela frente. E lá se vão horas de gula, música, conversa e risada.
Mais que isso, muito mais: horas e horas de contar todos os acontecimentos com detalhes, encenar diálogos, filosofar sobre o nada e o absurdo, investigar as relações e sentimentos humanos, perguntar e ouvir e aconselhar, orgulhar-se e envergonhar-se da condição feminina, imaginar e conceber clipes musicais bizarros, tirar milhões de fotos, falar e rir alto sobre qualquer coisa, divagar sobre o passado e o presente e os futuros que podem ser...
Nessas horas eu me sinto mais eu mesma.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Que belo estranho dia para se ter alegria

Esse é o nome de um disco da Roberta Sá. E, no fim desta quarta-feira, é uma sentença muito cabível. Apesar de cento e oitenta páginas de FisioCardio pra estudar no feriado, apesar de ter que trabalhar amanhã à noite vendendo cachorros-quentes, apesar de estar há uma semana e meia sem voltar pra São Paulo, eu estou tranqüila e alegre.
Tive um fim-de-semana muito agradável, cheio de risadas, conversas interessantes, música e pessoas queridas. Conheci caras novas, comi Campbell's Tomato Soup (!!!!) e estive perto de gente encantadora. E, hoje, o dia começou tarde pra mim, e não parecia muito diferente das tantas outras quartas-feiras de sempre. Mas aí me permiti 'perder' uma tarde pra ficar cantando junto a um violão e alguns colegas - coisa que eu não fazia faz tempo e estava realmente precisando. Música boa, companhia ainda melhor. O prazer de estar experimentando diversão pura e gratuita, e de partilhar disso. Não consigo explicar direito, talvez porque certas sensações, só mesmo com música.
E, no meio de um semestre atribulado, que belo estranho dia pra se ter alegria! :)

"Canto pra esquecer a dor da vida" (Lavoura)

terça-feira, 31 de março de 2009

Sobre encontros, desencontros, re-encontros...

Sim, eu me entristeço muito com relacionamentos que não eram pra murchar, mas murcham. Já falei sobre isso, aliás. E continuo pensando muito, discutindo, analisando, me revoltando, procurando razões, correndo atrás, pesando motivos, tentando me conformar (e nem sempre conseguindo)... E nesse vaivém já aprendi muito, pode acreditar.
Aprendi, por exemplo, que não se pode exigir de alguém que a pessoa goste de você como você gosta dela, não se pode cobrar vínculos de ninguém - esse tipo de coisa não dá pra forçar. Soa cruel, mas acontece. Claro que sempre se pode correr atrás, tentar trazer a pessoa de volta - mas, se isso não for realmente importante pra ela, ela não vai voltar.
Obviamente eu já quis que pessoas queridas estivessem por perto, que desejassem estar comigo do mesmo jeito que eu queria estar com elas, que priorizassem nossa relação como eu priorizo. Mas não posso cobrar isso delas, e me policio pra não ficar pegando no pé, dando uma de carente, pentelha e inconveniente. Adianta?!! Eu mesma, confesso, já negligenciei amizades de pessoas que sabia gostarem muito de mim. É chato, é injusto, mas é verdade. E, se elas viessem me cobrar atenção ou reciprocidade, eu até que não lhes tiraria a razão, e refletiria, e talvez tentasse corrigir, mas meu sentimento não iria mudar de uma hora pra outra. Dá pra entender? Não quero soar fria ou coisa assim, mas tenho tentado observar as coisas sob uma lente racional.
Por outro lado, aprendi também o quanto é bom resgatar relações que já achava desgastadas e sem futuro. O quanto é gostoso retomar, inesperadamente ou não, o contato com alguém já distante e descobrir que ambas as partes se comprazem com o re-encontro. 'Ouvir' o sorriso do outro lado de uma linha telefônica, sentir a alegria sincera, perceber que o sentimento ainda vive nas duas partes, só estava ali meio perdido por causa das idas e vindas dessa vida doida... Talvez eu pareça tola e sentimental, mas se eu tentasse representar esse sentimento com algo, seria um imenso balão colorido, subindo e dando ao céu mais cor e calor, e às pessoas mais encanto pela vida (santa cafonice!).
O tal balão talvez também se aplique àquelas relações que se mantém vivas, acesas, independentemente do tempo ou da distância - relações de confiança plena, de sintonia mesmo (sabe, 'transmimento de pensação' e coisas assim?). Mas acho que nesse caso nem o balão seja uma boa representação, seja muito pouco pra um sentimento desses. A isso eu tenho chamado de amor (não achei palavra melhor), e me preenche de tal forma com coisas boas que nem me chegam as palavras.
E como não falar daquelas pessoas com quem a gente não convive tanto, mas sabe que são especiais? As pessoas com quem você quase nem conversa, mas sente uma afeição enorme. Ah, como é bom tê-las na sua vida, saber que elas estão ali! É ter sempre um carinho por perto, mesmo que não seja tão perto assim.
Talvez eu ainda passe por outras situações, experimente outras coisas, aprenda mais e veja as coisas de modo diferente um dia. Mas por enquanto estou assim: sentindo muito que a vida desbote algumas relações, mas alegre porque ela também está colorindo e recolorindo outras.

Não sei se tem muito a ver, mas encerro com uma citação que achei na agenda de uma amiga (adooooro agendas com frases diárias!):
"Lealdade é uma atitude muito mais ampla e mais comprometida do que a fidelidade. Ser leal é estar junto, é brigar por, é dar o ombro, é dividir alegrias e tristezas, é não julgar, é ter a liberdade de estar sem precisar ter, é cumprir sem prometer, é voltar sem ter ido. A lealdade não exige reciprocidade, nem exclusividade. Também não estabelece gênero ou número. Nem admite meio-termo: a gente é leal ou não é."
(Euza Noronha)

quinta-feira, 19 de março de 2009

Sobre nem sei

Eu detesto ficar tanto tempo sem escrever, parece que desaprendo. Fico com os sentimentos e idéias todos guardados, misturados e mal enovelados de um jeito que dificulta muito fazer uma linha coerente. Juro, já escrevi e apaguei e reescrevi e apaguei e mudei de assunto e apaguei e recomecei umas oito vezes nos últimos minutos. É tão ruim não ter nem tempo pra mim, pra depurar meus pensamentos. E, se não tenho tempo pra isso, imagina pra escrever um texto coeso e publicável, que possa ser entendido na essência. Mas nem ligo, ó.

***

"Amar verdadeiramente alguém é acreditar que, ao amá-lo, se alcançará uma verdade sobre si. Ama-se aquele ou aquela que conserva a resposta, ou uma resposta, à nossa questão 'Quem sou eu?'" (Jacques-Alain Miller, psicanalista)

Essa eu guardo pras minhas discussões intermináveis com a Giu. Pra quando a gente fala o que sente, e fica tentando analisar pessoas e relações. Pros momentos em que eu conto pra ela meus acessos sentimentalóides, e ela me entende, e depois a gente fica um tempão desfiando idéias e hipóteses sobre o amor e suas variantes. =)

***

Não gosto da postura dessa tal de Mallu Magalhães. Não posso e nem vou criticar seu trabalho musical - não o conheço e, mesmo que conhecesse, não teria conhecimento técnico suficiente pra analisar. O que eu não gosto é da postura mesmo, do jeito dela perante a mídia.
Até pouco tempo, eu só tinha ouvido falar no nome dela e visto algumas fotos. Há uns meses, me deparei com uma entrevista dela na Rolling Stone, e fiquei decepcionada. Essa tentativa dela de ser/parecer cult é simplesmente ridícula, assim como esse ar sonso-infantil que ela faz. Ela me parece toda forjada, entende? Pegue um violão, fale coisas pseudo-filosóficas com um ar de vaga pureza, faça uma cara doce e pronto! Não, não gostei de jeito nenhum. Acredito, sim, que ela seja bem inteligente. Mas precisa se portar desse jeito?
Pra piorar, domingo ela fez uma participação no "Mosaicos" da TV Cultura, sobre o Caetano Veloso, cantando 'Leãozinho'. Gosto tanto dessa música! Não esperava que fosse achar tão ruim. Fraco, bobo, irritante. Mais que isso: pretensioso. Uma pena.

***

"Sua presença me faz rir
Nos dias feitos pra chover
Não há revolta pra sentir
Nem há milagre pra não crer"
(Pétala por pétala - Chico César)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Sobre vaidade

"Vaidade de vaidades, tudo é vaidade"
(Livro do Eclesiastes 1:2)


A menininha chega à escola, põe sua lancheira rosa-choque ao lado da carteira e nota que já há um bilhete ali, com um coração desenhado. Infla-se toda. Ele não é namorado dela, claro que não, ela não quer namorar com ele. Lê rapidamente, como se não importasse muito, e o bilhete some dentro da mochila dela, como se houvesse sido tragado por um triturador de lixo.
Se saem juntos da escola e se despedem - ele sempre com um beijinho tímido no rosto dela - a mãe dela fica falando no carro sobre como ele é uma gracinha.
Está certo, ele é diferente da maioria dos meninos que ficam enfiando o dedo no nariz. Ele gosta de conversar e fazer gentilezas e elogios a ela. E ela não 'desgosta' dele, na verdade, mas não gosta que pensem que ele é seu namorado. Ela não namora com ele!
Mas em casa, abre a mochila sem ninguém ver e leva o bilhete ao 'esconderijo'. Ainda relê o bilhete do dia com mais atenção antes de guardá-lo junto a tantos outros, deliciando-se menos com as palavras do que com a intenção. Os bilhetes, as flores de papel, as embalagens de bombons, são todos prova do quanto ele a adora - e ela não é tão fútil para expô-los como troféus, então guarda num fundo de gaveta, num misto de intimidade e massagem para o ego.

Ela chega na escola, entra na sala e olha direto para sua carteira, com expecativa. Não há nada. Já faz uma semana que não há nada. Como assim?
Eles ainda conversam às vezes, ele ainda é um menino legal, mas já não fala em namorar com ela e nunca mais deixou bilhetes. Tem conversado com outra menina, aliás, uma que usa um monte de enfeites no cabelo. E, se não falha a memória, havia um bilhete em outra carteira dia desses.
Ela não chora, não faz tipo de mulher traída. Eles não namoravam, claro. Mas remói aquilo por dias, analisando os bilhetes, se perguntando o que será que ele escreve para a menina de cabelos enfeitados. E os observa, e se olha no espelho pensando que, se também pusesse umas borboletinhas no cabelo, talvez os bilhetes voltassem. E espera, todo os dias, que ele se lembre que é dela que ele gosta de verdade, e que era o nome dela que ele escrevia dentro dos corações de lápis de cor.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Na sala de aula

...
V - É, Maroca, tem coisas que nem Freud explica!
L - EBAAA! CHAT! xD
F - EEEE eu também tô =D
M - É, mas eu fico com a cabeça cheia de minhoca!!
E - oiii, eu tô no chat também!
L - EI! Você aí! De onde tc? =P
F - Eu também tenho minhocas na cabeça
M - Sei lá o que dizer! Apenas que o bumbum do Guga não ficou tão legal com essa calça!
E - eu concordo!
oi! sou morena, baixinha, tc de SP, e também tenho minhocas na cabeça, e você?
V - Realmente com outras calças já ficou melhor...
Também tenho minhocas na cabeça, aliás muitas minhocas
L - Eu tc de SP! Não sei como sou, nem sei o que vai nesta cabeça... =/
Mas o Guga continua fofo! x)
F - Morena baixinha de SP? Eu conheço uma de Sorocaba.
p.s.: O Guga é gostoso xD
E - na minha cabeça passam coisas q eu não posso falar! rs...
eu conheço também, gata essa menina né? rs
M - Não dá pra falar COF COF COF COF
V - Ela é tão gata assim, também quero conhecer de perto. Morena, altura mediana de SP. O Guguinha é fantástico
L - Guuuuga! Guuuuga! Alguém conhece uma tal de "gostosa"?! =/
F - [sobre "morena baixinha de Sorocaba":] feinha, coitada =/
[sobre a "gostosa":] eu conheço! "A Gostosa"
[sobre "o que passa na cabeça":] coisas que eu não ouso confessar =/
M - COF COF COF...
E - Gostosa? claro que eu conheço, todo mundo conhece a gostosa! hahaha
Guga lindo!
V- Dã, claro que eu conheço a GOSTOSA... ficam falando dela o tempo todo...
Guga lindo demais!
L - Gostosaa, gostosaa! xD
[sobre "coisas que eu não ouso confessar":] EITA! Olha a pornografia!
E - Pornografia, onde? Eu quero ver também!
M - COF COF COF COF
V - Ei, não escondam de mim
L - Nas minhocas do Felipe! Opaaa!
F - Opaa... é cada minhoca...
M - COF COF COF
E - Minhoca, obaaa! rs! tá todo mundo bixado eee
vocês vão mesmo na parada?
V - Eu já vi a minhoca do Fê
L - Claro q vou na parada!
E viva as cobras do Fê! hahahaha
F - Vamos virar a folha...
Eu vou na parada! =D
M - COF COF... eu também =D
E - Só eu não vi a cobra do Fê ainda?
ai, eu não vou na parada!
V - Ah, seus maus, eu quero ir na parada!
L - AEEE! EU VOU!
A Ellen vai pegar a cobra do Fê, é isso?! =O
F - Num é assim também, minha cobra num vai na mão de qualquer um não... eu cuido bem dela!
VAAAI! Vamo todo mundo para a PARADA =D
M - COF COF
E - eu vou na parada eeee...
mas eu não vou pegar a cobra do Fê não, só falei que eu não vi ainda! e eu também não sou qualquer um não, viu! num quero pegar cobra nenhuma!
L - Sei, sei! Até parece q não! =P
Resolveu ir, é?
F - Hahaha... COF COF COF
E - Resolvi sim! eee...
não quero mesmo não... essa mini-cobra aí
L - ó lá, tá desafiandooo! essa Ellen tá querendo, hein! =P
V - Safadaaa
E - não tô querendo nada! pára gente! rs... não vou falar mais não! tô sendo mal interpretada!
M - TÔ COM FOME!
L - De novo c/ fome?!
V - Gulosa...
M - Mas eu ainda não comi!
L - Relaxa, Mari, já já a gente vai comer!
E a Ellen disfarça... hahahaha! ;D
M - Li, o que podemos comer? idéias...
E - Vocês falando tá me dando fome, mas eu tô pobre! tem que ser barato! snif
...

[O 'bilhete', escrito em 17/06/06 numa aula de Linha de Apoio, foi transcrito de modo que a conversa pudesse ser entendida]