segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sobre a Virada Cultural

Logo que a proposta de ir pra Virada Cultural começou a tomar corpo, me deu uma preguiçazinha de leve. Eu tinha passado os olhos pela programação e visto muitas coisas que me interessavam, mas pensar que outros milhões de pessoas também compartilhariam do meu interesse e, pior, do espaço (nas ruas e no metrô e elsewhere) me deu uma certa fadiga. Aglomerações nunca fizeram minha cabeça, e a mera ideia de ficar até de madrugada no centro no meio do tumulto só pra ver um show me convencia rapidamente de que eu nem queria tanto ver esse show mesmo...


Mas fui. Organizamos um esboço de roteiro com as coisas que queríamos ver, e lá fomos nós. Começamos com Rita Lee, louca e divertida, tocando algumas de suas melhores músicas na Praça Júlio Prestes. Tinha bastante gente, como previsto, mas o espaço era amplo e conseguimos ficar em um lugar em que dava até pra ver alguma coisa vez ou outra, e sem empurra-empurra. E, cá entre nós, ter como cenário a estação Julio Prestes (enquanto o sol se punha e, depois, iluminada) foi um presente.


A partir daí, seguir nosso roteiro revelou-se um tanto frustrante. No Pateo do Collegio não encontramos o que esperávamos, no Banespa tampouco e, quando chegamos na São João pra ver Beatles Forever, o show de "A hard day's night" tinha acabado de acabar, e só o que conseguimos foi ser empurradas num tumulto absurdo e ainda no contra-fluxo. Cansadas como estávamos, tinha tudo pra chegarmos em casa meio mal-humoradas e reclamando das frustrações, da multidão, de qualquer coisa. Mas, depois de caminhar mais de uma hora pelo centro todo iluminado, andar pelo meio daquelas ruas com relativa tranquilidade e encontrar boas surpresas pelo caminho, eu só podia estar satisfeita. Fui pra casa relativamente cedo (às onze e meia já estava de volta à periferia), disposta a voltar no dia seguinte.


Depois de ser muito enrolada pelo meu pai (que, ao saber que eu tenho algum compromisso, faz questão absoluta de me carregar por aí enquanto ele faz o máximo de coisas da maneira mais lenta possível), voltei pro Anhangabaú. E aí, mais programações do roteiro frustradas e em seguida compensadas por eventos bacanas inesperados - como o Homem-Banda na frente do Municipal e a Orquestra HeartBreakers no coreto do Parque da Luz. O encerramento com a OSESP e o balé da São Paulo cia. de dança dispensa comentários.


No fim das contas, não vi muita coisa que pretendia ver, mas a Virada me surpreendeu de maneira muito positiva. Fazia tempo que eu não passeava pelo centro de São Paulo - e fazer isso sossegada e com várias coisas legais pelo caminho (como a marcha dos personagens de Star Wars encabeçada por Darth Vader e Darth Maul lado a lado, de meter medo, e troca de conhecimentos de quiromancia entre Cabelo e uma moradora de rua) foi o que realmente fez valer a pena. Um sábado à noite vendo a iluminação dos arredores da Sé, uma tarde de domingo apreciando boa música, a beleza do parque da Luz e a boa companhia... o que mais eu poderia querer?

Um comentário:

Anônimo disse...

Fiquei com invejinha de ver o Darth Vader andando com o Darth Maul. É isso.