quarta-feira, 23 de abril de 2008

Sou péssima pra títulos...

Na loucura em que se vive hoje - com mil coisas pra ver, ouvir, falar, decidir, fazer, pensar - às vezes parece que as pessoas perdem a sensibilidade. Mais que isso, esquecem de olhar o lado belo das coisas, pelo simples e fraco pretexto da falta de tempo.

Hoje de manhã, por exemplo, quem viu as teias de aranha cheias de orvalho? Quem reparou que, no fim da tarde, havia nuvens rosadas espalhadas pelo céu azul, numa visão digna de pintura renascentista? Quem vê os passarinhos felizes e as folhas das árvores radiantes depois da chuva? Tanta coisa que está na nossa frente todos os dias, mas pouca gente percebe. Pouca gente se permite perceber. Preferem esperar as férias, onde tudo vira motivo pra admiração. Por que?

Por que as pessoas tiram fotos do pôr do sol na praia, mas sequer olham para o sol se pondo no dia-a-dia? Por que elas vêem tanta graça nas aves que sobrevoam os campos, mas nunca repararam que há famílias de pássaros brincando nas árvores pelas quais passam diariamente? Por que fazem fogueiras sob o luar, mas nem lembram que existe lua quando voltam pra casa à noite?

Pensei, pensei, mas não consegui achar nem sinal de resposta. Tem gente que me acha estranha por enxergar tudo isso, por querer que os outros também enxerguem, e por ficar questionando tanto - me olham como se eu fosse um bicho exótico, ou como se eu precisasse de uma camisa de força. Mas é que eu não entendo como as pessoas podem ficar tão imersas na sua neurose a ponto de esquecer que existe tanta vida em volta. Reclama-se tanto da desumanização que a vida urbana traz, mas as pessoas é que se lançam nisso, sem nem titubear. Fala-se que a vida está ruim, que o tempo é curto, mas a vida e o tempo são o que se faz deles.

Não entendo, realmente, como as pessoas querem salvar a humanidade, a natureza, o planeta, querem mudar o mundo mas não chegam nem a tentar mudar coisas sutis em suas próprias vidas. Não entendo por que as pessoas só se dão conta de que existe beleza em torno de si na viagem de férias ou, pior, quando essa beleza já está sufocada, esquecida, ameaçada por essa cegueira insana que tomou conta da dita civilização.

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