quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Sobre a viagem - parte IV (de volta a Viena)

Quando tiver uma oportunidade, assista a uma novela russa: é realmente engraçado. Tive a oportunidade de ver no hotel, quando voltamos a Viena, e conferir o mocinho scarface, a mocinha com dentes bizarros e os diálogos (que são em russo, precisa dizer algo mais?). O programa deles que simula julgamentos também é engraçado, com aquele ar trash de programa do SBT. Falando em Rússia, a embaixada deles em Viena ficava bem atrás do nosso hotel, com uma igreja ortodoxa linda, de cúpulas douradas que brilhavam sob o sol. 

No saguão do hotel, já vimos meia dúzia de brasileiros de verde-e-amarelo, se preparando pra ver o jogo Brasil x Holanda e curtir sua histeria juntos. Sentimos um pouco de vergonha alheia, e nos esforçamos pra atravessar o saguão sem que nossa nacionalidade fosse identificada por nossos compatriotas. Brasileiro tem mania de achar que, só porque vocês são do mesmo país, são obrigatoriamente amigos de infância. Não, querido, eu não sou seu amigo, eu nunca te vi e não vou participar disso e deixar os transeuntes pensando que brasileiro é tudo retardado. É, eu sou antissocial. Mas prometo que vou tentar ser menos preconceituosa.

À noite, fomos ver um concerto no palácio Auersperg, muito bonitos (o concerto e o local). Eu não entendo nada de música, mas eu sei que era lindo de se ouvir, isso me basta. Depois fomos pra um jantar com comida típica mediana e garçonetes a caráter e mal-humoradas. Durante o jantar, dois caras tocavam músicas típicas da Áustria e dos países de origem dos turistas presentes. Tocaram um bocado de boleros mexicanos, alguns tangos argentinos e, quando alguém pediu uma brasileira, eles tocaram Aquarela do Brasil, é claro (que todo mundo conhece mas, no fundo, ninguém sabe cantar). Pediram mais, e eu desconfiei que os caras não soubessem. Ah, não, sempre tem também Garota de Ipanema pra poupar esse constrangimento. Mas não peçam mais que isso. Aliás, sugiro que não peçam nem isso - os boleros e tangos e pasodobles estavam bem mais divertidos.

No ônibus de volta, colocaram um CD com músicas supostamente lat(r)inas, pra agradar os turistas. Aí tinha um bocado de reggaeton, e de repente começou algo brega, em português. Português de Portugal, mas era português, uai. Qual não foi nossa surpresa ao constatar o que diziam os versos da canção: 

"Eu gosto de mamar nos peitos da cabritinha
Mamo a hora que eu quero, porque a cabrita é minha"
(A Cabritinha - Quim Barreiros)

No dia seguinte, fomos conhecer os belos jardins do palácio Belvedere e o Palácio Schöbrunn - que tem jardins mais bonitos ainda e foi residência da chatinha da Sisi e da fodona Imperatriz Maria Teresa (mãe da Maria Antonieta, aliás), além de ter sido palco de um concerto de Mozart quando ele ainda era criancinha. Passamos em frente a um Museu de Medicina (que eu queria visitar, especialmente porque foi em Viena que surgiu essa história de lavar as mãos pra controle de infecções) mas, pra minha infelicidade, não deu pra ir visitar. Assim como não deu pra ir ver O Beijo, do Gustav Klimt, e nem dar uma passadinha no café Sacher pra um pedaço de torta... É, excursão tem disso mesmo: a gente corre, não vê metade do que queria, mas pelo menos já tem uma boa ideia do que visitar quando vier da próxima vez. ;)


O que me decepcionou mesmo em Viena foi o Danúbio. Eu imaginava que ele era lindo como o Sena, só que azul e com casais dançando valsa à margem. Lindo de passear ao longo dele, ouvindo Vienna ou mesmo aquela clássica do Strauss Jr. Mas ele não é lindo, muito menos azul. Mas dei a ele mais uma chance, em Budapeste...

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