quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Sobre o medo (por Cecilia)

"Medo de fechar a cara
Medo de encarar
Medo de calar a boca
Medo de escutar
Medo de passar a perna
Medo de cair
Medo de fazer de conta
Medo de dormir
Medo de se arrepender
Medo de deixar por fazer
Medo de se amargurar pelo que não se fez
Medo de perder a vez

Medo de fugir da raia na hora H
Medo de morrer na praia depois de beber o mar

Medo... que dá medo do medo que dá
Medo... que dá medo do medo que dá"

(Miedo - Lenine / Pedro Guerra / Robney Assis)


Cagona

(por Cecilia Odainai)

Uma das qualidades que mais odeio em mim é o medo. É foda até de assumir. Mas sou medrosa, cagona, e isso tudo influencia nas minhas indecisões, que não só são muitas como são todas!

Esse medo de errar, de parecer imperfeita me atam. Esse medo de me exibir, de escrever num blog pra ser julgada por um e outro. Esse medo de arriscar uma nova carreira porque pode dar errado. Esse medo de ir atrás da felicidade, mesmo que ela não seja uma finalidade, mas sim uma busca eterna.

Medo de não ser marcante, medo de marcar demais.

Conheci o termo “bad trip” quando me entorpeci. Eu sinto que a bad é constante, mesmo nos momentos caretas. Mas por sorte, ignorada na maioria das vezes.

Por que me esconder num personagem engraçado, bobagento, com aquelas sacadinhas que todos gostam de ler? Porque não dá pra ser triste. Ninguém aguenta as tristezas de ninguém. Tristeza só da IBOPE na TV.

Assumir as fraquezas, as falhas de personalidade é arriscado. Porque elas para os olhos dos seus espectadores têm que ser invisíveis. E então fazemos questão de abafá-las.

Um dia, disse para um chefe: não vou sozinha visitar o cliente, sou insegura. Você tem que ir comigo até eu me acostumar. Depois disso uma colega fazia questão de repetir essa minha confissão: “você é insegura. E eu não!”.

Sei lá se é essa sociedade competitiva que nos fez ficar assim ou se sempre fomos assim. Nesse caso da minha ex-colega, o excesso de confiança dela se converteu a uma fraqueza também. De cagadas homéricas nunca assumidas a mentiras ditas dela para ela mesma.

E o que fazer com meu medo? Ainda não sei. Mas pensei em escrever pra vocês.

Agora estou nua, mostrando minhas vergonhas. Pode apontar e rir


[p.s.: Eu até tinha pensado em comentar algo a respeito do texto - porque ele é tão eu, que eu não achei que poderia simplesmente não dizer nada. Mas, dizer o quê? Cecilia disse tu-do!]

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Sobre o(s jogos) que eu não sei

Eu não sei jogar gamão. Não é só não saber jogar. É não fazer ideia de nada, dos objetivos, dos movimentos. Nada. Um completo mistério na minha vida, o gamão. Mas sempre achei que tudo bem, porque ninguém joga gamão mesmo, a não ser pessoas com vocação pra mordomo, então não deve ser interessante.
Eu também não sei jogar buraco, ou mesmo a maior parte dos jogos que utilizam baralho francês (que eu achei que era americano, mas descobri que é francês. De qualquer modo, estou mais habituada com o baralho espanhol). Mas buraco é pior não saber, porque todo mundo sabe. Nada pra fazer? Junta a família e os amigos pra jogar buraco. Não a minha: a minha joga escopa e belisca (que a internet chama de bisca, e é capaz q esteja certa, porque na Galicia se fala tudo errado).
Truco. Todo mundo joga truco. Todo mundo já passou por inúmeras mesas com um grupinho sentado, batendo na mesa e gritando "seeeeis!". Na minha escola teve até mesa(s) quebrada(s) certa(s) vez(es). E, desde o segundo colegial, várias pessoas tentaram me ensinar a jogar - mas acho que tenho algum parafuso a menos e não consigo apreender as regras, os valores, os objetivos do jogo.
Pôquer. Ahh, de pôquer eu já tive alguma leeeeeve noção, quando tinha uns doze anos de idade. Mas até a leve noção se foi. Droga. A Tapioca conta que o pai dela joga pôquer com os amigos semanalmente, e que sabe jogar desde pequena por conviver nesse ambiente (e aí eu imagino uma sala enevoada pela fumaça de cigarros, com uma mesa no centro e quatro homens com ternos risca-de-giz e chapéus de gângster jogando cartas com ar misterioso, iluminados por uma lâmpada baixa como aquelas de mesas de jogo. E uma japonesinha, de óculos e vestido rosa de babados, interessada no andamento do jogo). Enfim, não sei jogar pôquer também.
Sinuca também é algo além da minha capacidade, tenho certeza. Sou um verdadeiro desastre e, depois da última performance vergonhosa há mais de um ano, eu desisti até de tentar. Mas esse, pelo menos, eu consigo entender a ponto de poder torcer. =)
E não sei jogar um monte de outras coisas, claro. Mas o que mais me incomoda, sempre, são os jogos de baralho que todo mundo sabe menos eu. E o gamão, que tem cara de ser muito sério e misterioso, quase tão lord quanto críquete - que é outra coisa que não sei jogar (assim como golfe, tênis, pólo, vôlei e um milhão de outras coisas), mas que não me importa em absoluto.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Sobre pequenas grandes lições

"Alguns não conseguem afrouxar suas próprias cadeias e, não obstante, conseguem libertar seus amigos. Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro se tornar cinzas?"
(Assim falou Zaratustra - Friedrich Nietzsche)