quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Sobre presentes de aniversário

Em exatamente um mês, eu entro no meu vigésimo terceiro ano de vida (por favor, sem piadinhas sobre minha aparência acabada, minha personalidade idosa ou minha rabugice). E é claro que isso não quer dizer que você tem que me dar um presente. Eu mesma, você sabe, raramente cumpro essa convenção que são os presentes de aniversário. E, se cumpro eventualmente, é com um bocado de atraso (pergunta pra Camila).


Portanto, se você me der parabéns no meu aniversário, eu me dou por satisfeita. Satisfeitíssima, se vier com um abraço e um sorriso junto. E se esquecer, também, tudo bem. Eu mesma já esqueci, mais de uma vez (se você vier me dar parabéns de manhã, por exemplo, eu vou demorar uns 10 segundos pra entender por quê. É, sou lerdinha).


Talvez isso tenha a ver com o fato de que, em casa, a gente nunca foi muuuito ligado com datas e presentes - nem nas datas ultracomerciais, como o dia das Mães. Daí, possivelmente, o meu 'desapego' com essas coisas.

Mas sei muito bem como é difícil ver o aniversário da pessoa chegando, e você querendo dar um presente pra ela, por razões diversas, e sem conseguir pensar em algo que se encaixe no gosto e necessidades do aniversariante, e ainda esteja nas suas possibilidades financeiras.


Pensando nisso, venho elaborando uma lista de coisas compráveis das quais eu gosto e/ou preciso. Aí, caso você queira me dar algo e esteja sem ideias, pode se esbaldar ;p


» Pantufas. Mas que sejam escuras, pra não ficarem visível e imensamente sujas.
» Mural com ímãs, pra eu colocar minhas fotos.
» Adesivo de parede do Calvin & Hobbes com esta figura

update: Meus queridos Bê, Bombs, Kéka, Lots e Marcelo me deram o mimo - que eu ainda não colei na parede #fail.
» Jantar/reunião com os amigos. Nada demais, eu só não quero ter que organizar e convidar e tal, tenho preguiça =p
» Bombons Nhá-Benta, da Kopenhagen. Os bombons, e não as Nhá-Bentas!
» Caixas organizadoras com tampas coloridas. E que uma seja azul-turquesa, é claro!
» Sorvete Häagen-Dasz.
» Caixa de ferramentas. Martelo, alicate, chaves de fenda etc...
[este, acho que minha tia vai providenciar]
» Cobra, daquelas de porta. Bonitinha!
[a Lots já disse que vai dar este]
update: ela, de fato, m'a deu. Uma cobra linda chamada Lots ^^
» Um robe-de-chambre que nem o da Lots: leve, lindo e escuro.
» Chocolate Lindor #nham
» Canecas e/ou almofadas Ctrl+Alt+Del
» Azul-turquesa. O que você encontrar e achar bonito nessa cor, eu vou achar lindo.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Sobre decisões, livros e o apelido

Decidir é uma coisa complicada. Pra mim, principalmente - tenho dificuldades pra tomar qualquer tipo de decisão, mesmo que ela seja banal e não haja muita diferença entre escolher isto ou aquilo. Como se não bastasse, fiz amigos também indecisos. Indecisos a ponto de perder 40 minutos (ou mais) discutindo dentro do carro onde vamos jantar - pra acabarmos comendo no Subway, como de costume. Por sorte, temos a Tapioca e o Marcelo que tornam nossa vida mais simples, decidindo sugerindo pra gente o que fazer.


Pois bem, o dilema atual é o dos livros. No primeiro ano, eu tinha que escolher um atlas de Anatomia pra adotar e comprar, entre o Netter, o Prometheus ou o Sobotta. Sem saber qual comprar, resolvi ir levando como desse até descobrir a qual eu me adaptava melhor. Descobri que o Prometheus é bom, o Netter é suficiente e o Sobotta é confuso (eu nunca achava o que eu queria). E descobri que não precisava realmente de um atlas de Anatomia - naquele tempo, eu ainda contava com minha memória fotográfica. Comprei um Moore, já que meu fraco era mesmo a teoria, e ir e vir da biblioteca com ele não era nada agradável. Usei pouco, é verdade, mas achei que me foi útil.

No segundo ano, eu precisava escolher um livro de Fisiologia.: Berne, Guyton ou Margarida. Adiei a compra novamente, porque alguns módulos da Fisiologia eram melhor explicados em um, outros em outro. Usei a biblioteca, peguei livro emprestado, tirei xerox, me virei. E não comprei, também. Mas descobri que, se eu fosse comprar um, eu compraria o Berne. Achei mais didático, menos enrolado e chato e confuso que os outros (o Guyton me fazia desistir nas primeiras linhas, o Margarida me cansava e confundia mais que esclarecia).

Agora, é a vez de escolher um livro pra Clínica Médica: Cecil, Harrison ou Lopes. Escolha mais difícil, porque são livros que vão me acompanhar por mais tempo, o que me pressiona a escolher bem (e quando se paga quinhentos reais em um livro, não se pode dar o luxo de arrependimentos). Mas e se o Lopes não tiver tudo o que eu preciso? E se o Cecil for muito pesado pra mim? E se o Harrison for confuso e cansativo? Ai, não sei!
Perguntei pra algumas pessoas a impressão delas sobre os livros, e quando a Bê me disse que ainda não usou o Cecil "mas o Vô gosta", eu pensei que o Vô não é parâmetro - o jeito dele de aprender é muito diferente do meu. Mas aí pensei que a Bê e a Tapioca e o Salsa e o Sabão e todos os que eu consultei também aprendem de forma bem diferente da minha. Porque eu nem sei, na verdade, como é que eu aprendo. Meu jeito de estudar é esquisito e nem sempre funciona - por isso, aliás, é que eu sou a Alt.

Parênteses.

Pra quem não sabe, repito a longa história (que o Kalango cansou de ouvir): meu apelido surgiu na minha primeira conversa com meu veterano, quando ele decidiu me adotar. Ele disse que não teria muito material de estudo pra me disponibilizar, e eu disse que não tinha problema porque meu método de estudo nunca foi muito ortodoxo, mesmo.

-Então, você estuda de maneira alternativa?

No dia seguinte, eu estava batizada: "Não pensei em nada mais criativo, então vou te chamar de Alt mesmo. De Alternativa.". Não achei muito legal, no início (especialmente quando tinha que explicar pra todo mundo a história toda), mas vesti a camisa, logo me acostumei e gosto muito. Criei até uma linhagem adorável, que inclui a mim, minha caloura Dell e minha caloura-neta Ctrl.

Fecha parênteses.

Voltando aos livros, bom mesmo foi na Patologia: o Robbins é o único livro realmente útil pra gente nessa matéria, e a gente usa bastante (ainda que ele fale demais e diga de menos, e me deixe cansada), então eu comprei. Ou na Farmacologia, em que eles indicam o Rang pro 2º ano e o Goodman pro 3º. Aí eu não tenho que decidir, olha que legal!

Falando em decidir, preciso voltar ao meu dilema... E aí, Cecil, Harrison ou Lopes?

P.S.: eu já vinha me sentindo uma criatura sugada até os ossos pela Medicina, uma vez que boa parte das minhas conversas tem a ver com a faculdade (o que até dá pra entender, já que isso é a maior parte do que eu vivo atualmente). Mas fazer um post citando Robbins, Berne, Sobotta e Cecil foi o ápice!

domingo, 8 de agosto de 2010

Sobre a viagem - parte III (Salzburg e Füssen)

Salzburg é uma cidade graciosa a 300km de Viena, famosa por ser o berço de Mozart e também muito visitada pelos fãs d'A Noviça Rebelde (tem até uma excursão de 4h em que se visitam as locações do filme). Lá conhecemos um taxista chamado Sena, muito simpático e que fala português, tem uma casa em Vila Velha-ES e adora Serenata de Amor. Passeamos a pé ali pelo centro, vimos o Rio Salzach e a Mozart Wohnhaus (onde ele morou) e visitamos os belíssimos jardins do Palácio Mirabell (construído pelo bispo Wolf Dietrich para sua amante judia, Salomé Alt)

Comemos no Die Weiss, um biergarten charmosinho com boa comida e boa cerveja. Recomendo o Wiener Schnitzel (filé de carne de porco empanado, acompanhado de batatas e geleia de cranberries); a carne de porco assada com chucrute e knödel (pão cozido); e a salsicha com chucrute e batatas ao kümmel - acompanhados de weissbier (a pilsner deles também é ótima, mas seu amargor não faz muito meu tipo). Por lá, eles têm o hábito de trazer água com gás sempre que você pede água - então, se quiser sem gás, é bom especificar.
Carne de porco assada, chucrute e knödel,
com weissbier

No dia seguinte, enfrentamos 6 horas de trem no trajeto Salzburg-München-Füssen pra visitar o castelo Neuschwanstein em esquema bate-e-volta. O castelo - que é lindo e, reza a lenda, inspirou o castelo da Cinderella de Walt Disney - fica sobre um monte pertinho da vila Hohenschwangau, que por sua vez fica a uns 10 minutos de Füssen. Comemos uns sanduíches ótimos e subimos rapidamente, sem deixar de apreciar a vista, pro nosso audio-tour no castelo em português de Portugal (compreensível, interessante, e mesmo assim muito engraçado).

A visita demorou mais do que previmos e nos fez correr como loucos pra não perder o trem de volta - e descobrir, faltando 15 minutos pro nosso trem partir de Füssen, que em Hohenschwangau não há taxis. Felizmente, a moça que trabalhava nas informações turísticas chamou um táxi pra nós em caráter de urgência (que, quando chegou, quase foi ocupado por uma desavisada) e, incrivelmente, conseguimos chegar na estação em tempo. E aí, mais seis horas de viagem de trem, apreciando as paisagens do interior alemão: casas bonitas com floreiras, jardins com coelhos (que ficam em caixas de tela, comendo a grama e engordando), painéis de energia solar, alemães ruidosos em idade escolar e aquele cheiro de esterco que me lembra a Galicia...

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Sobre a viagem - parte II (Viena)

Soneca em Frankfurt. Dá-lhe Lufthansa!
Depois de umas três horas de espera em Frankfurt e mais um pouquinho de avião, chegamos finalmente a Viena. Exaustos. Nossos planos: tomar um bom banho, comer qualquer coisa ali por perto e dormir o sono dos justos - inclusive porque, já na manhã seguinte, partiríamos pra Salzburg.

Pois bem, estava eu me preparando pro meu banho quando ouvi um barulho estranho no corredor.
-Mãe, você ouviu isso?
-Parece que estão falando alguma coisa, vai lá fora ver.

Abri a porta e pude entender o que dizia o alto-falante: "Achtung, achtung: Dies ist der Brandmeldeanlage. Attention, attention: this is the fire alarm". Fiquei na dúvida se seria incêndio mesmo ou só um treinamento, sei lá. Em todo caso, pegamos o essencial (documentos, objetos de valor... no caso da minha prima, um par de chinelos Havaianas) e descemos pelas escadas até o andar em que estavam meu primo e minha tia. E cadê minha tia?
-Ela subiu pro andar de vocês pra levar algo pra Bea e ainda não voltou.
-Ué, mas no meu quarto ela não apareceu...

Enquanto minha mãe foi procurar minha tia, os outros descemos até a saída de emergência, que dava na rua. Atravessamos e ficamos que nem bobos olhando pra cima, pra ver se descobríamos o que estava acontecendo. Devia ser sério mesmo, o carro de bombeiros luminoso ainda estava ali na porta, embora não houvesse sinais de agitação. Perguntamos daqui, perguntamos dali, ninguém sabia. Minha mãe e minha tia não deram nem sinal. Depois de certo tempo, seguimos o fluxo de volta pro hotel, e a recepcionista nos disse que tinha sido só um alarme falso.

De volta ao quarto, lá estava minha tia, que logo apontou um dedo acusatório pra minha prima.:
-Foi culpa sua!
-Culpa minha?
-É! Por culpa sua eu apertei o alarme de incêndio!
-Não acredito... Foi você que apertou? Hahahahaha
-Eu fui levar estas roupas pra você, e como era só um andar eu fui de escada, mas fiquei presa. Todas as portas que eu encontrei estavam trancadas, eu fiquei apavorada e não consegui chamar ninguém. Então eu vi um botão "Emergência" e apertei, ué.

Nada mais justo, todos concordamos - e saímos pra comer um toast de presunto e queijo Gouda (num lugar em que ninguém entendia o que era mustard, mas trouxeram uma maionese divina) e a famosa e deliciosa Sachertorte.

O problema é que o alarme de incêndio acionava automaticamente os bombeiros - que, apesar de terem achado muita graça na história, cobrariam uma multa pesada do hotel pelo alarme falso. E o hotel, é claro, repassou a exorbitância de 400 de multa pra gente. Protestamos: o caso foi emergencial (e não uma brincadeira) e em momento algum fomos avisados de que as portas nas escadas só se abriam com o cartão que abre a porta do quarto. Não pagaríamos aquilo, pelo menos não sozinhos.

Discute daqui, discute dali, reveza telefone pra argumentar com a recepcionista (já que não havia gerente nem ninguém com um mínimo poder de decisão pra resolver esse problema), e a noite ia avançando... E tudo o que eu queria era dormir, meldels!

(foto especialmente pra Bombs)
Encurtando a história: na manhã seguinte (quando finalmente apareceu alguém da gerência), acabamos concordando em pagar a multa, ainda que contrariados, porque vimos que não haveria negociação alguma e precisávamos seguir viagem. Fiz uma reclamação formal ao hotel, dizendo que passamos por uma situação desagradável seguida de constrangimento, e que em nenhum momento recebemos qualquer tipo de orientação ou apoio por parte da equipe deles - que, inclusive, ameaçou chamar a polícia diante da recusa civilizada em pagar uma dívida que não era de nossa responsabilidade.


Claro que a minha reclamação nunca deve chegar a lugar nenhum - mas fica aqui registrada minha indignação. E uma dica: não use as escadas de emergência do hotel InterCity, em Viena. E não aperte nenhum botão, sob nenhuma hipótese.



domingo, 1 de agosto de 2010

Sobre a viagem - parte I

O voo saía às 18h. Mas tínhamos que fazer o check-in com antecedência, era dia de jogo do Brasil na Copa... Com medo do trânsito, resolvemos não arriscar, saímos cedo e acabamos nos adiantando demais. Resultado: 5 horas de espera no aeroporto.


Enquanto a maioria das pessoas ia se ajeitando no saguão pra ver o jogo do Brasil, eu me encostei numa cadeira e, já que não conseguia dormir, resolvi observar o movimento. E qual não foi minha surpresa ao ver, bem na minha frente, um homem com uma camiseta com letras enormes: PINTO. Deve ser estrangeiro, só pode. Mas, calma, ele tá torcendo pro Brasil. Gente, alguém avisa esse moço que isso não é coisa que se escreva numa camiseta. Infelizmente, não consegui tirar uma foto - mas pelo menos deu pra usar todo meu estoque de piadas prontas ("Será que ele deixa eu fotografar o pinto dele?!").


Intervalo: "Tô com fome". Caipiras Precavidos que somos, tiramos da mala uma lata de Pringles e seis sanduíches de salame. Nada como uma boa farofada pra aquietar os estômagos e divertir os presentes. 

Recomeçado o jogo, eis que eu noto uma figura curiosa em meio aos torcedores. Uma freira baixinha, empolgada com o jogo e japonesa. Alguém já viu uma freira japonesa? Eu nunca tinha visto, fiquei chocada. Mas meu choque se transformou em frustração quando eu a vi embarcando pra Santa Cruz de la Sierra e concluí o óbvio: ela não era japonesa, era boliviana. Uma farsante, assim como a Tapioca (nossa japonega paraguaia).


Já no avião, descobri que o iTunes me sacaneou e só colocou 24 das minhas 1200 músicas no meu iPod. Mas quem liga pra isso quando você tem 18 estações de rádio no avião? É... não, não é exatamente consolador. De qualquer modo, as rádios de música japonesa, chinesa, coreana e indiana renderam umas boas risadas.


Infinitas horas depois, estávamos em Frankfurt, correndo pra não perder a conexão. Gente, que tipo de arquiteto projeta um aeroporto em que, pra ir de um terminal a outro, você tem que descer SEIS lances de escada pra, logo em seguida, ter que subir tudo de novo? É, bem que dizem que alemão gosta de complicar... Mas eles são simpáticos, reconheço - muito mais do que eu esperava. A comissária até me ensinou a pedir suco de maçã em alemão, e escreveu no meu caderninho pra eu não esquecer: apfelsaft. E ensinou 'desculpa', também: entschuldigung (14 letras, sendo 10 consoantes, pronunciadas em décimos de segundo).


Apesar da correria, perdemos a conexão. Pudera: foi a primeira vez na minha vida em que vi um voo partir antes da hora prevista. Isso mesmo: chegamos ao portão de embarque às 14h45 e o voo das 14h50 já tinha decolado. E essa foi só a primeira peça que a Lufthansa nos pregou...