domingo, 20 de junho de 2010

Sobre o (meu) domingo

(sem coerência, coesão ou qualquer preocupação literária/discursiva. Fiz mais pra desaguar a vontade de digitar sem fim, sem pensar.)

Domingo com cara de domingo. Sem Faustão e Fantástico, grazadeus, mas com cara de domingo. Um pouco modorrento, coisas pra fazer e pouca vontade. Louça, livros, bagunça, pijama. Tudo atrasado, mas é domingo, me deixa curtir este ócio vazio e nem tão prazeroso.

Amanhã eu vou pra casa. Mamãe tá com saudade. E eu também tô.
Mas meu fim-de-semana não foi de saudade, como eram os fins-de-semana em Ribeirão, no começo. Hoje é o 14º dia que eu passo aqui, direto, e não me sinto torturada e nem tô em contagem regressiva. Eu passo muito tempo aqui em casa, sem fazer nada, mas isso não me consome e eu não quero ir embora correndo pra São Paulo. Eu tô bem. É a minha casa, agora, e não só meu dormitório.

Teve jogo do Brasil. E eu não vi, porque não tô a fim de ver nada desta Copa. Nada mesmo. Tô num bode absurdo desse clima. E eu não encho o saco de ninguém dizendo que a Copa é uma inutilidade sem fim, que só é mais um pedaço da política do pão-e-circo e blablablá. Porque também tô no maior bode desse discurso pseudo-intelectual. Acho ótimo que as pessoas se divirtam, e também me sinto no direito de não achar isso divertido e preferir ficar na minha casa curtindo meu marasmo.
Me perguntam se eu vou ver o jogo, e eu digo que não. Porque não pretendo, ué. E me olham como se eu fosse uma aberração, como se fosse doença grave e contagiosa. Não, não, acho que contagiosa é essa histeria aí. Gente dirigindo loucamente, barulho demais, fixação.
Claro que nem todo mundo está realmente nessa vibe futebolística: eu tenho (todo mundo tem) muitos amigos que só fazem disso um pretexto pra se reunirem e tal. Mesmo assim, eu prefiro ficar. Eu, meus hambúrgueres, minha Coca-cola. Arranjem outro pretexto, arranjem uma reunião sem pretexto, e eu posso pensar em ir. Pois é, como sou antissocial. Tá, e daí?

Minha mãe tinha razão quando disse que eu não podia ficar muito tempo morando sozinha. Eu já sou bicho-do-mato, e ainda agora tenho uma toca só minha. Mas me deixa aqui, agora. Você sabe que eu não sou sempre assim. Todo mundo tem seus dias assim ou assado, e estes dias eu quero só ficar comigo. Numa boa.

Também não gosto quando vou me reunir com amigos que não vejo há muito tempo e sugerem cinema. Pô, a gente tem só uma tarde em milênios pra ficar juntos e vocês querem passar metade dela em uma sala sem nem poder interagir e conversar? Desculpa, só gosto mesmo de ir no cinema com gente que eu vejo sempre. E mesmo assim, só se eu estiver no clima e/ou achar que o filme vale a pena.

É, eu sou muito antissocial. Mas não fico fingindo que tenho coisas pra fazer, que estou com dor de cabeça. Eu digo "Não, não tô a fim". E não sei se é bom ou ruim - acho que isso me faz menos hipócrita tanto quanto me faz mais antissocial.

Minha mãe tinha razão. E talvez ele também tenha razão (desde os tempos em que eu nem morava sozinha): eu sou uma velha rabugenta. Mas você sabe que eu não sou sempre assim, então me deixa aqui. Comigo. Com minha Coca-cola. Numa boa.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

(drama) sobre o ponto final

Abriu os olhos e encarou o teto: será que foi real? Repassou mentalmente, em uma fração de segundo, os acontecimentos da noite anterior e teve certeza de que não havia sido apenas outro sonho ruim - a ligação ainda registrada no celular e até as colheres sujas de sorvete na pia atestavam que a realidade era mesmo aquela. E agora? Fechou os olhos, tentando não pensar e aproveitar os minutos de sono que lhe restavam. Em vão, é claro: encolheu-se, estirou-se, revirou-se na cama até que o despertador inclemente avisou que um longo dia começava. 

Banheiro, cômoda, geladeira, celular. Pensou em colocá-lo no bolso, acabou jogando na mochila: não precisava mantê-lo à mão - agora, não tinha mais nada pra mandar ou pra esperar. Não mais. Mochila nas costas, fones nos ouvidos. Música atrás de música, tentando encontrar algo que se encaixasse, mas nada parecia se encaixar.

Aulas, colegas, sorrisos sociais. Chegou a hora do almoço e ela vagou por entre os prédios e por entre as pessoas, desorientada. Não sabia onde ir e com quem, não sabia o que fazer com o próprio tempo. Almoçar, talvez? Parecia uma ideia razoável, mas só de pensar nela seu estômago se revirou como não fazia há muito tempo - como se o fato de sua mente estar digerindo algo já exigisse esforço demais.

O dia foi passando, lentamente. E a cada minuto ela se pegava pensando nele, querendo contar dos acontecimentos do seu dia, esperando que ele fizesse contato ou, magicamente, aparecesse no fim do corredor. E a cada minuto, a Razão dentro dela dizia: "Não, você não deve mais pensar nisso". Ah, que ódio daquela Razão censurando-a, como se fosse fácil não pensar, não querer, não esperar!

Foi um dia longo, e mais longas ainda seriam as horas que precederiam seu sono: a certeza dolorosa de que o boa-noite não viria, a Imaginação colocando-o na cama ao seu lado (e a Razão violentamente levando-o dali para muito longe), os pensamentos desenfreados, o corpo encolhido sobre si mesmo, as lágrimas quentes no rosto,... Ela dormia sozinha toda noite mas, naquela em especial, parecia sobrar mais espaço na cama (e menos, muito menos espaço na sua cabeça). E, de uma maneira estranha, o frio de maio pareceu ser pior naquela madrugada.

As madrugadas continuaram frias, assim como as canções, como as paixões e as palavras manhãs e finais de tarde... Mas ela foi se acostumando, devagar, com a ausência - ainda que às vezes o universo parecesse se organizar todo só pra que ela lembrasse dele. No início, mesmo as lembranças boas (ela, afinal, teria alguma lembrança realmente ruim?) lhe remetiam ao vazio que ele tinha deixado, e doía. "Por quê?", ela se perguntava incessantemente, procurando algo no céu de brigadeiro.

Ainda que ela conseguisse uma resposta justa, isso não mudaria os fatos. No fundo, ela sabia que a maldita Razão tinha lá sua razão: o que ela tinha a fazer era aceitar. E aceitou, aos poucos, confiando nas mãos do Destino e sem se arrepender de suas próprias escolhas. E aprendeu a cultivar a saudade em sua forma mais gostosa, que é a certeza de que valeu a pena cada momento.

"E vamos terminar
Inventando uma nova canção
Nem que seja uma outra versão
Pra tentar entender que acabou"

domingo, 13 de junho de 2010

Sobre cultura inútil

-Alt, me responde uma coisa, você que sempre sabe de coisas inúteis...

-Ah, valeu, Marcelo!

-É verdade! Acho que você vai saber me responder isso: por que é que os macaquinhos atiram cocô nas pessoas?

-Hm, não sei... Mas sei que os babuínos fazem isso mais do que outros macacos!

- Oo

-É por isso que, no Zoológico, eles ficam atrás de vidros, e não de grades!

-Hahahaha, tá vendo... Você nunca me decepciona =p